Quando iniciei na Comunicação Alternativa
Foi lá em 2004, ainda no último ano de faculdade...nos últimos anos do curso,
realizamos atendimentos na clínica escola sob supervisão dos professores.
Recebemos uma família vinda do Japão, os pais eram descendentes de japoneses e
tinham uma filha nascida lá. A filha teve problemas no parto e tinha paralisia
cerebral diplégica espástica. Usava uma cadeira de rodas com um tampo adaptado,
como se fosse uma mesa.
Imagem ilustrativa - Fonte Digitis Brasil
A família era bilíngue: tinha contato
com o idioma japonês e português brasileiro. Fui convidada para realizar a
avaliação juntamente com um colega de sala que também é descendente de
japoneses. Pesquisamos com nossos parentes que tinham mais conhecimento de
japonês e preparamos a avaliação. Utilizamos figuras e as respostas não eram verbais, ficamos muito atentos aos movimentos, olhares, expressões faciais.
A menina demonstrou compreender o que dizíamos
nos dois idiomas e no caso do japonês, ainda sorria e olhava para a mãe quando
errávamos a pronúncia. A língua é dinâmica e pesquisamos com pessoas mais
velhas, no meu caso perguntei para minha avó (in memoriam, saudade Batian - vó
em japonês). A mãe da menina explicava "ah, agora não se usa mais, usamos assim
e dava o exemplo". É como se estivéssemos usando palavras antigas, de filmes e
novelas de época e o surpreendente era ver que a menina percebia isso e achava
até engraçado rsrs
Esta avaliação tornou-se publicação científica em 2006, reproduzo
o trecho final:
"Um aspecto relevante, quanto ao processo terapêutico foi à
orientação para a família quanto à utilização de procedimentos de
comunicação alternativa por esta criança, pois esta demonstrou que com
suas habilidades é capaz de se beneficiar destes procedimentos, ampliando suas
possibilidades de interação, possibilitando participar de atividades
comunicativas de modo mais independente, tendo possibilidade de iniciar
atividades dialógicas, organizar seu discurso."
Você pode acessar a publicação
completa por este link:
Comentários
Postar um comentário